quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Desista! Você acredita que a resposta está no livro do coelho? No disco do lobão? No horóscopo chinês? Na poesia russa? Num evangelho que ainda não foi escrito, por um cara que ainda não nasceu, que mora num planeta que ainda não foi descoberto? Desista! Não sei quem foi que lhe disse, nem por que acreditou, porém, pro seu próprio bem, desista! Desista do parceiro ideal, da família ideal, da vida ideal. Se quer ser feliz pra sempre, desista agora! Se espera trabalhar duro, evoluir honestamente, se tornar um cidadão respeitado, pra ser feliz. Desista! Não espere pela felicidade: seja feliz desesperadamente! Se pretende se tornar famoso, ser reconhecido pelo talento, ser capa de revista de fofocas pra ser feliz. Desista! Abandone a pretensão: seja feliz despretensiosamente! Desista agora mesmo! Não passe a vida buscando outra vida. Desista de ser feliz um dia! Apenas seja agora! Quando desistir, compreenderá: todo lugar é o lugar certo. Toda hora é ideal. Não existe problema agora. Nem agora. Tampouco agora. E assim nunca. Quando desistir verá: você só enxerga sua sombra quando está de costas pro sol. Por isso desista! Desistir é fácil. Simples como andar pra frente. Inevitável como o movimento dos braços, dos rios, dos astros. Relaxe o ser. Abra a mão. A pedra cai sozinha. Desista do peso, da pedra, da pulga! Simplesmente desista! Como um navio que desiste da bússula e aceita a viagem. A felicidade não está no porto seguro. No ponto final o texto já acabou. Na página em branco não nasceu. Desista do fim pra sempre. Aceite o meio eternamente!
(Marcelo Ferrari)

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